quarta-feira, 9 de maio de 2012

eu, @rafaelsorza
rafaelrodriguess@ymail.com, por extenso
escrevo esse inboox
com minha própria caligrafia Arial 12
sou muito parecido com aquele moço de cavanhaque sentado no sofá fotografado em preto e branco.
queria muito te add
pf, acc.
se nos casarmos, te passo minhas senhas
ou então faremos um perfil conjunto no orkut
como os casais a moda antiga.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

soneto

sono diminuto
e eu me comprometo
a romper cada minuto
nesta cama em que me sento
para concluir o desafio aceito
de entortar o leito
no qual eu deito este poema
sem rumo ou tema
na famigerada folha em branco

não vou contar letras ou pauta
sou alguém que toca flauta
sem sequer saber assobiar
contando que no mais ou menos tardar
no branco deste lugar

nascerá a minha obra

sábado, 31 de março de 2012

Na fotografia estamos felizes

queria eu ter um amigo fotógrafo para tirar muitas fotografias minhas e dos meus amigos que viriam me visitar ou que eu iria até eles. felizes, apareceriam rindo ao meu lado, outras vezes sérios, escondendo um riso frouxo que prenderíamos segundos antes do meu amigo fotógrafo dizer agora. o agora seria sempre se eu estivesse em uma foto, mesmo depois que muitos anos se passassem e as imagens já estivessem amarelas como as tardes em que, com meus amigos, eu iria sugerir que imitássemos uma cena do último filme canadense que eu havia acabado de ver. no entanto muitas coisas mudariam, mas certos sorrisos, embora não mais presentes em minha vida, continuariam a se fazer ouvir, mesmo após muito tempo. já aquela sensação do tempo que passa, não existiria na fotografia em que meu amigo, na contraluz da janela, segurando a grade, teria seus cabelos alvos de luminosidade, as mangas da camisa levantadas e o olhar claro para a câmera, indiferente ao da minha amiga que o observaria e deixaria, com o cigarro, uma fumaça sinuosa sair pelo gradeado e se desfazer na tarde de quando éramos jovens.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Tatiana

Tatiana não amava há 987 dias. Era vista, pelos outros e por si própria, como uma coitada. “Que ela pare de esperar, pois quando menos se espera...” – alguns diziam. Seus amigos alegavam que era culpa dela por se fechar demais. Pobre Tatiana, culpada de sua própria solidão! 

Cansou de tanto não amar e decidiu reverter a situação. Aceitou a condição de culpada, jogou o medo fora e resolveu cair nos braços de algum rapaz. Saiu com aquele esquisitinho, só porque ele convidou. Puxou assunto com o bonitinho como quem não queria nada, na esperança de mais uma vez. Tentou, tentou, tentou. Não fugiu mais de nenhum mocinho, enfrentou todas as possibilidades de peito aberto. Sem grude, sem desespero, apenas livre de si própria.

O tempo passando, a cabeça leve e todas as oportunidades sendo atendidas, e a menina continuava só. Houve quem tivesse raiva da solidão de Tatiana. Uma moça com tantas qualidades, sozinha há tanto tempo... O mundo só podia estar errado! “Vai ver ela tem chulé” – alguns proclamavam na tentativa de uma explicação. Mas não era de chulé que ela sofria.

"Tem sempre um pé torto para um chinelo velho", “Um dia ele aparece!” – Não para Tatiana. Ele nunca chegou, nunca ligou, nem mandou bilhetes. Tatiana não se apaixonou, não apaixonou, apenas encantou. Encantou enlouquecidamente mais de uma dúzia de rapazes, mas nunca ficou sabendo. Não era culpada de sua sina, afinal. Era apenas destinada a ela.

Hoje Tatiana vive em um apartamento lindo de viver! Todo colorido, todo pintado de poesia. Fotos na parede registram um mundo extraordinário vivenciado por nossa garota, a cozinha tem sempre comida cheirosa e gostosa, e o sofá é o mais delícia da região! Só a paixão que nunca quis entrar por ali. Houve noites calorosas, palavras ardentes, carinhos tortos. Mas amor, amor mesmo, nunca entrou por sua porta. E não era sua culpa, não era culpa de ninguém, era apenas sua realidade. 

Tatiana, 38, ainda sonha.

Significado de engendrar

v.t. Gerar, inventar, produzir, imaginar.
Causar, formar, produzir. 
Engendrados reunidos em 2010